Santa Maria

OUÇA: reportagem em áudio mostra que eleitores com deficiência aumentam, mas falta acessibilidade

Ian Tâmbara


Pedro Piegas (Diário de Santa Maria)
Cristian Sehnem, 42 anos, sugere inovações nas próximas eleições, campanhas eleitorais com audiodescrição

O Diário preparou uma audiodescrição da reportagem para auxiliar na acessibilidade de nossos leitores:

Os dados sobre o perfil do eleitorado que foi às urnas em Santa Maria nas eleições 2018, divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são um indicativo para os futuros candidatos a prefeito e a vereador focarem, já que são apenas dois anos de diferença e os números tendem a não mudar muito para 2020. Portanto, os postulantes ao pleito terão de ficar atentos para políticas públicas para mulheres e terceira idade e de inclusão social, entre outros segmentos.

O público feminino, por exemplo, representa a maior fatia do eleitorado: são 54% contra 46% do sexo masculino. Mas o trabalho maior dos políticos interessados em disputar a eleição será convencer a parcela acima de 70 anos - idade a partir da qual o voto é facultativo -, que soma, hoje, 23.580 eleitores em Santa Maria. Na última eleição municipal, Jorge Pozzobom (PSDB) venceu Valdeci Oliveira (PT) por uma diferença de 226 votos, número inferior, por exemplo, à fatia de pessoas com deficiência aptas a votar em 2018: 636.

Na comparação com 2014, de acordo com os números do TSE, as eleições de 2018 tiveram um aumento significativo do número de pessoas com deficiência e de votantes com idade avançada. O índice de pessoas com deficiência quase dobrou em Santa Maria, subindo de 370 em 2014, para 636 no ano passado.

O técnico em educação do Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Cristian Sehnem, 42 anos, possui deficiência visual e diz que a chegada da urna eletrônica foi um dos fatores de motivação para votar.

- Acredito que a urna foi uma das principais estimuladoras, por conta da tecnologia. Lembro que votei apenas na primeira eleição depois que perdi a visão. Depois, em seguida lançaram as urnas e eu passei a votar sozinho - explica Cristian, que perdeu a visão em 1994.

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Apesar das vantagens, Cristian comenta que ainda há questões a serem melhoradas:

- É inclusivo, mas dentro das possibilidades. Ainda falta uma campanha eleitoral acessível. Eu nunca recebi um "santinho" em braile, por exemplo - observa ele.

A preparação e acessibilidade das sessões também fomentaram a participação de pessoas com deficiência, de acordo com a chefe do Cartório Eleitoral da 41ª Zona Eleitoral, Raquel Souza.

- A Justiça Eleitoral procura alocar o eleitor em seções especiais, que são instaladas nos térreos dos locais de votação - destaca ela.

TERCEIRA IDADE
Não só as pessoas com deficiência, mas os idosos rumo aos 100 anos também registraram índices elevados. Em 2014, foram 1.363 eleitores, entre 90 e 99 anos, já em 2018, esse número quase dobrou: 2.401 votantes.

Pedro Piegas (Diário de Santa Maria)
Os aposentados Fábio Conceição, 94 anos, e Everton Menezes, 73, estão na parcela acima de 70 anos que soma mais de 23 mil eleitores na cidade

O número não chama atenção só por se tratarem de anciãos, mas também por estarem na faixa etária do voto facultativo, que é a partir dos 70 anos. Contudo, para o aposentado Fábio Conceição, de 94 anos, esses dados não são uma surpresa.

- As pessoas mais velhas querem ver o país melhorar também, por causa da corrupção. Eu sempre fui votar, sempre tive interesse - destaca Conceição, que se diz muito ativo e está escrevendo um livro.

O aposentado Airton Menezes, 73 anos, compartilha de opinião parecida:

- O povo não estava satisfeito com os últimos governos, então muitos se mobilizaram.

Para a chefe de cartório, a conjuntura política influenciou nessa participação elevada.

- Pelo contexto atual da situação política, houve uma necessidade de mobilização da população em geral por mudanças, e acredito que interferiu na maior participação popular nas urnas - observa Raquel.

NOME SOCIAL
Em 2018, foi a primeira vez que cidadãos com nome social puderam ir às urnas com esse registro no título. Em Santa Maria: foram sete votantes nessa situação. A cabeleireira Isabela Pires, 36 anos, foi uma das que puderam cadastrar o novo título eleitoral.

- É um grande avanço. Antes, muitas vezes, eu me sentia constrangida quando tinha que mostrar um documento com meu nome de registro - salienta Isabela, que diz ter identidade, certidão de nascimento e outros documentos com nome social.

Em relação à escolaridade, os dados sobre o perfil do eleitorado da cidade, segundo o TSE, apontam que, em 2018, 24,71% dos eleitores tinham Ensino Fundamental incompleto contra apenas 11,7% com Superior completo. Outro dado significativo é o baixo interesse dos adolescentes. No ano passado, somente cerca de 0,3% do eleitorado tinha entre 16 e 17 anos, idade em que o voto é facultativo.

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Com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), confira o perfil do eleitorado de Santa Maria quanto escolaridade, biometria, gênero, faixa etária e deficiência. Os dados devem servir de amostra para as eleições de 2020:

BIOMETRIA ATÉ 2022
O eleitor que ainda não atualizou seu título com os dados biométricos deve comparecer ao cartório eleitoral para fazer a biometria. A Justiça Eleitoral orienta que não se deixe para a última hora, considerando que ainda faltam muitos eleitores a fazer - hoje, só 33,14% fizeram o cadastro biométrico em Santa Maria. O município tem até 2022 para concluir o processo. O atendimento pode ser agendado no site do TRE, ou o eleitor poderá comparecer diretamente no cartório. No site, também é possível consultar a relação de nomes em situação de cancelamento do título, que pode ser regularizado até o dia 6 de maio. Para isso, basta acessar a sequência de abas "Menu", "Eleitor", "Serviços ao Eleitor", "Título de eleitor" e, por fim, "Situação Eleitoral".

Perfil do eleitorado de Santa Maria

  • 206.116 aptos a votar

Com biometria

  • 68.302 (33,14%)

Sem biometria

  • 137.814 (66,86%) 

Gênero

  • Mulheres - 111.376 ( 54%) 
  • Homens - 94.740 (46%)

Com nome social - 7 pessoas

Com deficiência

  • Deficiência de locomoção - 257
  • Dificuldade para o exercício do voto - 107
  •  Deficiência visual - 93
  •  Deficiência auditiva - 67
  • Outros -160
  • Total - 636

Grau de instrução dos mais de 200 mil eleitores

  • Ensino Fundamental incompleto - 50.936 (24,71%)
  • Ensino Médio incompleto - 44.842 (21,76%)
  • Ensino Médio completo - 42.159 (20,45%)
  • Superior completo - 24.111 (11,7%)
  • Ensino Fundamental completo - 19.654 (9,54%)
  • Superior incompleto - 15.641(7,59%)
  • Lê e escreve - 5.099 (2,47%)
  • Analfabeto - 3.587 (1,74%)
  • Não Informado - 87 (0,04%)

Cruzamento de dados por faixa etária

  • 100 anos ou mais - 42 (0,02%)
  •  95 a 99 anos -  748 (0,36%)
  • 90 a 94 anos - 1.653 (0,80%)
  •  85 a 89 anos - 2.467 (1,20%)
  •  80 a 84 anos - 4.191 (2,03%)
  • 75 a 79 anos - 5.942 (2,88%)
  • 70 a 74 anos - 8.537 (4,14%)
  • 65 a 69 anos - 11.297 (5,48%)
  • 60 a 64 anos - 14.338 (6,96%)
  • 55 a 59 anos - 17.448 (8,47%)

Evolução do eleitorado

  •  2014 - 200.247
  • 2018 - 206.116

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